Contar histórias é um método eficaz para
o ensino-aprendizagem na sala de aula e, também,
para uma aproximação maior do professor com o seu aluno.
Ensinar o aluno a arte de ouvir é muito belo!

 

A contação de histórias vem desde os primórdios das civilizações quando o homem usou da sua oralidade para contar as tradições do seu povo de geração em geração.

Não é preciso ter curso para contar histórias, pois todos nós contamos histórias o dia todo das nossas vidas, das vidas dos nossos filhos, vizinhos e amigos. O importante e o cuidado que se deve ter é conhecer a história que se vai contar para não gaguejar na hora ou esquecer algumas partes, por isso faz-se necessário que o bom contador saiba improvisar, também.

A contação de histórias é um método bastante interessante para ajudar as crianças no ensino-aprendizagem na sala de aula seja em qualquer disciplina.

Quando uma criança ouve uma história ela vai para o seu mundo imaginário e no final da história retorna para a realidade cheia de indagações sobre o mundo ao seu redor. Indagar ainda é a melhor forma de aprender as coisas. Precisamos contar histórias às nossas crianças para que o ensino se torne agradável e que seja apreendido com mais eficiência.

A criança que ouve histórias tem a sua imaginação aguçada, sabe ouvir, presta atenção com mais facilidade no que ensina o seu professor. O filósofo Platão recomendava as boas histórias na sua pedagogia aquelas que não usam da mentira, para formar um bom cidadão.

Conheço muitas professoras que trabalham com a contação de histórias em sala de aulas, e isso me deixa feliz.

 

A arte de contar histórias guia a vida da pesquisadora de narrativas tradicionais Regina Machado, professora da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Autora de vários livros, como A Arte da Palavra e da Escuta e Nasrudin, é criadora e curadora do Encontro Internacional Boca do Céu que, a cada dois anos, reúne contadores de histórias do mundo todo na capital paulista.

 

Segundo Walter Benjamin no seu ensaio O narrador a arte da oralidade está sendo esquecida principalmente depois da invenção do romance e precisamos resgatar esse nosso poder oral, a palavra oral, a palavra que encanta e marca as pessoas. É preciso deixar as nossas marcas nas histórias que contamos.

O professor que quer ensinar contando histórias pode começar com a memorização de uma história curta, sentar-se em círculo no chão com os seus alunos e começar a contar a história escolhida.

Fazer uso de gestos, onomatopeias, pausas e ter boa dicção é importante na hora do conto. Pode escolher um cantinho favorável na sala de aula, de preferência, que tenha um tapete para os alunos sentarem em cima. A história deve ser pequena e indicada para a faixa etária das crianças para que não se dispersem. Crianças não gostam de histórias longas, elas querem logo saber o final.

É preciso saber bem o enredo da história e seu clímax. No clímax deve ser dada ênfase na voz para que os personagens ganhem mais espaço no imaginário das crianças.

O professor pode fazer uso de um instrumento musical para tocar enquanto conta a história, pode usar uma peruca ou vestir-se de roupas coloridas para caracterizar-se como um personagem do mundo do faz-de-conta. Tudo vale a pena na performance da contação de histórias, só não vale fazer paradas no meio da história para conversar com as crianças.

 

Você já ouviu alguém contando histórias de maneira encantadora e pensou que nunca conseguiria fazer algo parecido? Bem, nesse vídeo veremos o que é realmente essencial, sem nos prendermos a uma única forma de contar histórias. Quais habilidades são, de fato, importantes?

 

Nas minhas contações de histórias costumava ser uma bailarina, gordinha, que não conseguia ficar nas pontas dos pés, por isso pedia ajuda às crianças depois da contação de histórias. E elas costumavam sempre a me ajudarem. Também já me vesti de príncipe e disse ser de um mundo muito distante onde as pessoas nunca morrem e todas as crianças quiseram conhecer meu mundo.

Cada professor escolhe o personagem que quer ser quando vai contar uma história ou, simplesmente, apresenta-se como é, um professor desde que tenha a história memorizada.

Contar uma história é diferente de ler. Há o momento da leitura em sala de aula, em voz alta e há o momento da contação de histórias, são duas coisas diferentes.

No meu curso de filosofia para crianças costumo ensinar contando histórias às crianças e no final faço cerca de três questões que levam a um diálogo reflexivo e crítico sobre a história contada. Esse diálogo, geralmente, leva a outros pensares e ideias que vão sendo costurados ao longo do tempo.

Temos uma literatura infantil bastante rica com livros de histórias curtas que as crianças nos primeiros anos escolares adoram. Vale a pena ensinar contando histórias. Afinal, quem não gosta de ouvir uma boa história?

Deve-se ter o cuidado, também, para não contar histórias de terror, de mortes, de violências, pois essas podem causar traumas e transtornos nas crianças. O melhor é que a história seja sempre cheia de alegrias e desafios. Também devemos evitar falar sobre os ensinamentos que a história quer passar ou a sua moral, isso quem deve descobrir é a criança.

Fico muito feliz quando visito uma escola e vejo professores contando histórias. É como se essa arte resistisse as influências da vida moderna e as tecnologias que invadem as nossas vidas.

Desse modo, penso que contar histórias é um método eficaz para o ensino-aprendizagem na sala de aula e, também, para uma aproximação maior do professor com o seu aluno.

Ensinar o aluno a arte de ouvir é muito belo! As pessoas estão cada vez mais sem tempo para ouvir o outro, por isso precisamos aprender a ouvir desde a tenra idade.

Então, convido os professores a contarem histórias nas suas salas de aulas começando sempre com o era uma vez… e finalizando com palavras de esperança de um mundo melhor que aquele momento continuará em outro dia.

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